Arte de Sandro van Gogh “Vem, amor...”
A pele era alva, etérea, como um pedaço da lua, contrastando com o cabelo negro. O corpo sinuoso, suave, ocultando uma sensualidade que me deixou com os sentidos em alerta. Minha libido insinuou-se com ousadia pelas frestas do meu corpo que se agitou frenético.
Minhas mãos ficaram úmidas quando o corpo dela movimentou levemente o corpo como numa dança leve, tão silenciosa que podia-se escutar seus músculos ao distender-se. Uma luz tênue, vinda de um abajur, deixava o ambiente imerso num clima de um romantismo barato. Meus olhos acostumando-se com a penumbra, deparam-se com a blusa translúcida que delineava a pequinês de seios de menina, que fez meus sentidos saltarem ensandecidos. A muito custo acalmei-me procurando não precipitar nada.
Relembrei como cheguei até aquele momento; a solidão, os amores mal resolvidos, as noites de sexo solitário e as infindáveis insônias que resultavam num cansaço no dia seguinte. Tudo isso me atormentava de tal maneira que nem trabalhar conseguia mais, até que um amigo sugeriu-me um encontro com uma mulher e assim afastar o estigma da solidão, mas assegurou-me que devia ser um encontro as escuras porque seria mais emocionante, mais excitante. Mas essa condição assustava-me muito, o evento tanto poderia ser bom quanto desastroso, e uma decepção programada seria o que de pior poderia acontecer no estado em que me encontrava. Mas concordei convencido pelos argumentos de meu amigo.
E lá estava eu, e ela a minha frente, com um corpo delicado e puro e uma aura de pecado dando voltas em torno do corpo como um espectro da promiscuidade. Estático e extasiado temia até respirar temendo que aquela fosse uma visão dos meus anseios e assim sendo desaparecesse. Engoli em seco quando lentamente ela levou às mãos alvas a barra da blusa e foi deslizando-a pelo corpo, libertando seios pequenos, brancos, eretos com bicos rosados que apontavam na minha direção tal a rigidez deles. As axilas pareciam vales, côncavos pedindo para serem beijados, não antes de minha boca voraz e sedenta devorar aqueles montes macios e indefesos que eram os seios. Ao fazer tal movimento, minhas narinas detectaram um odor caracterísco; o cheiro de sexo, que há muito eu não sentia denso, mesclado a um cheiro de suor quase imperceptível, que me enlouqueceu por completo me fazendo sentir como um animal no cio. Pressenti flashes de momentos de um sexo luxurioso e pecaminoso, como todo sexo deve ser. Envolto num desejo entorpecido e volátil, escutei uma voz clara e suave que invadiu meu interior, dizendo num sussurro:
- Vem, amor...
Senti-me completamente perdido.