sábado, 14 de maio de 2011

Arte de Sandro van Gogh


“Vem, amor...”


A pele era alva, etérea, como um pedaço da lua, contrastando com o cabelo negro. O corpo sinuoso, suave, ocultando uma sensualidade que me deixou com os sentidos em alerta. Minha libido insinuou-se com ousadia pelas frestas do meu corpo que se agitou frenético.

Minhas mãos ficaram úmidas quando o corpo dela movimentou levemente o corpo como numa dança leve, tão silenciosa que podia-se escutar seus músculos ao distender-se. Uma luz tênue, vinda de um abajur, deixava o ambiente imerso num clima de um romantismo barato. Meus olhos acostumando-se com a penumbra, deparam-se com a blusa translúcida que delineava a pequinês de seios de menina, que fez meus sentidos saltarem ensandecidos. A muito custo acalmei-me procurando não precipitar nada.

Relembrei como cheguei até aquele momento; a solidão, os amores mal resolvidos, as noites de sexo solitário e as infindáveis insônias que resultavam num cansaço no dia seguinte. Tudo isso me atormentava de tal maneira que nem trabalhar conseguia mais, até que um amigo sugeriu-me um encontro com uma mulher e assim afastar o estigma da solidão, mas assegurou-me que devia ser um encontro as escuras porque seria mais emocionante, mais excitante. Mas essa condição assustava-me muito, o evento tanto poderia ser bom quanto desastroso, e uma decepção programada seria o que de pior poderia acontecer no estado em que me encontrava. Mas concordei convencido pelos argumentos de meu amigo.

E lá estava eu, e ela a minha frente, com um corpo delicado e puro e uma aura de pecado dando voltas em torno do corpo como um espectro da promiscuidade. Estático e extasiado temia até respirar temendo que aquela fosse uma visão dos meus anseios e assim sendo desaparecesse. Engoli em seco quando lentamente ela levou às mãos alvas a barra da blusa e foi deslizando-a pelo corpo, libertando seios pequenos, brancos, eretos com bicos rosados que apontavam na minha direção tal a rigidez deles. As axilas pareciam vales, côncavos pedindo para serem beijados, não antes de minha boca voraz e sedenta devorar aqueles montes macios e indefesos que eram os seios. Ao fazer tal movimento, minhas narinas detectaram um odor caracterísco; o cheiro de sexo, que há muito eu não sentia denso, mesclado a um cheiro de suor quase imperceptível, que me enlouqueceu por completo me fazendo sentir como um animal no cio. Pressenti flashes de momentos de um sexo luxurioso e pecaminoso, como todo sexo deve ser. Envolto num desejo entorpecido e volátil, escutei uma voz clara e suave que invadiu meu interior, dizendo num sussurro:

- Vem, amor...

Senti-me completamente perdido.

Um comentário:

  1. a paixão, quando nos toma, nos faz romper como o somos, nos sentimos perdidos, mas é um novo eu que está sendo reconstruído. eu sou como as cidades antigas que vão sendo reconstruídas umas sobre as outras formando várias camadas arqueológicas, cada era uma paixão.
    Obrigado pela visita e um ótimo domingo.

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